O Deus de Daniel define tempos e os revela
Algo muito importante na formação do governo de Davi foi a recepção por parte dele, daqueles que entendiam que essa era a vontade do Deus de Israel. Entre estes, um grupo de bastante destaque foi os filhos de Issacar. O texto bíblico relata que eram destros na ciência dos tempos, a ponto de saber o que Israel deveria fazer. Saber como agir já é uma coisa boa. Agora, saber agir com a certeza que é o tempo ideal e propício para aquela ação é perfeito. A Bíblia não dá relatos de como e de quantas vezes Davi ou seu governo se utilizaram desse serviço. O fato é que discernir os tempos é sempre uma necessidade importante, que deve ser suprida da melhor forma possível.
Um personagem bíblico que nos ensina como isso é importante é o profeta Daniel. Na sua expressão de adoração ao Deus Altíssimo, no capítulo dois de seu livro, ele até declara algo a esse respeito:
Falou Daniel, dizendo: Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força;
E ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos. Daniel 2:20,21
Nosso grifo destaca que Deus muda os tempos e as estações. Essa era a percepção de Daniel e é uma verdade sobre o Criador. Nosso Deus é Deus de propósitos, os quais são executados em tempos específicos, visando alcançar um propósito último: novos céus e nova terra, juntamente com todos os planos para eternidade. Até que cheguemos lá, Aquele que anuncia o fim, desde o princípio, vai conduzindo a História em fases. Alguém já disse que a História é a História de Deus. Eu também creio nisso. Para que cada fase de seu grande plano possa se desenvolver, trazendo proveito de aprendizado e maturação pra humanidade, Ele não vai diretamente ao final, atropelando nossa lentidão. Tudo é feito em passos, como horas, dias, meses, anos, séculos e até milênios. Nessas porções de tempo, o Deus do tempo realiza coisas específicas. Feliz aquele que discerne isso.
Como dizíamos, Daniel é um personagem bíblico que não apenas escreveu sobre isso. Na verdade, é provável que tenha escrito isso por ter tido essa experiência. Se formos um pouco mais a fundo na história de Daniel, vamos descobrir que ele foi um dos cativos em Babilônia. Deve ter ido do Reino de Judá para lá na primeira leva dos que foram deportados, em 605 a.C. Mesmo estando numa condição tão desfavorável, ele não se esqueceu de sua terra, de seu povo e principalmente do seu Deus.
Dá pra perceber isso quando orava voltado para Jerusalém. Não ter esquecido suas origens é perceptível ao notarmos que mesmo cercado pela cultura babilônica, ela não conseguia penetrar nele. E por fim e mais importante, jamais se esqueceu do seu Deus. Dá pra notar isso pelo fato de preferir a morte (na cova dos leões), do que esperar em um outro deus. Estes três pontos preservados no coração de Daniel, fizeram com que o Senhor o chamasse de “homem muito amado”.
Muito provavelmente, não num primeiro momento, mas quando foi notando o trabalhar de Deus em sua vida, foi percebendo várias fases e processos. A infância em meio a seus tutores, os quais lhe ensinaram valores tão firmes do relacionamento com Deus e a cultura judaica, que mesmo com toda destruição que experimentou mais tarde, estas âncoras sustentaram sua alma. Depois, o conflito interno ao ver a nobreza de seu povo, além dos próprios profetas e sacerdotes abandonando o verdadeiro Deus. Ao mesmo tempo, via a sombra da invasão babilônica se aproximando. Mais a frente o inevitável acontece e Daniel é levado para a Babilônia. Vem a fase da adaptação àquela realidade. O destaque por depender de Deus. A confirmação como o mais sábio de Babilônia e a transição como instrumento do Deus Altíssimo em vários governos gentílicos. Verdadeiramente o Deus de Daniel é o Deus que muda os tempos e as estações, estabelecendo reis e removendo-os.
Como um amigo do Senhor e alguém que ouvia seu coração, o profeta podia conhecer essas mudanças antecipadamente. É isso que Deus tem esperado da igreja que transporta seu Espírito dentro de si. O povo de Deus não deveria andar confuso com as circunstâncias desse tempo. Pela Palavra e pelo Espírito é totalmente possível estar à frente da carne, do mundo e das trevas. Isso deve produzir um povo que vive seguro e em paz.