Quem discerne os tempos ora com ousadia
Ainda dentro desse tema da percepção das mudanças dirigidas pelo dono do tempo, seguimos as experiências do profeta Daniel. Ele foi alguém que fez registros interessantes sobre a forma como Deus se move em tempos e estações específicas. E não apenas se move, mas também revela as movimentações aos que estiverem sensíveis.
Com tudo isso impresso em seu espírito, Daniel seguia sua vida em circunstâncias desfavoráveis, mas com total confiança no Deus de seus pais. Justamente por causa deste estilo de vida, ele pôde acessar a profecia de Jeremias, a qual fazia um destaque no tempo. Aquele cativeiro não deveria durar para sempre, mas tinha prazo determinado por Deus pra acabar. Alguns estudiosos acreditam que nessa ocasião o servo do Senhor já tivesse uma idade entre setenta e oitenta anos. Já sabia bastante sobre tempos e estações. Quem ora, estuda a Palavra e já aprendeu algo sobre os tempos determinados pelo Deus Vivo, não tem como não perceber quando algo está para mudar. Não tem como não perceber quando os ventos estão para mudar sua direção.
Com essa informação privilegiada no coração, Daniel fez algo que nos espanta até hoje, ao ver sua reação diante das Escrituras. Daniel não era reconhecido como profeta naquela realidade. Ele não era de família sacerdotal. Ele estava fora de Jerusalém, fora de Judá e sequer em Israel. Estava, na verdade, mergulhado na mais pura cultura gentílica. No entanto, ao discernir o tempo e ao perceber que existia algo no céu, que poderia e deveria ser manifestado na terra, ele começou a buscar a Deus como se tivesse sido eleito para aquela missão. Sem título, sem reconhecimento e “no lugar errado”. Parece que além de discernir o tempo, também já conhecia uma oração que Jesus ensinaria uns quinhentos anos à frente: que a vontade de Deus fosse feita na terra, da mesma forma que no céu. Pela profecia de Jeremias ele soube a vontade do céu. Agora tudo que precisava fazer era trazê-la para a terra, por meio da oração. Foi exatamente o que fez.
O mais incrível é que Deus o ouviu e enviou sua resposta. Por que? Porque ele orou a vontade de Deus para aquele momento específico. A profecia de Jeremias, que expressava a Palavra de Deus dizia isso. Sendo assim, o que Daniel estava fazendo era proclamar na terra, o que já estava indicado como sendo o tempo certo no céu. Quando isso acontece, é possível ver a junção do poder do Deus Vivo que é Espírito, com a autoridade dos filhos dos homens, que são carne. A fórmula estabelecida por Deus desde o princípio pode ser vista em perfeita operação aqui. O Reino de Deus sendo expandido para a terra, por meio dos filhos dos homens, a quem ele deu o domínio. É por isso que Daniel não precisou de títulos e outras coisas. Ele apenas foi encontrado na posição correta. Isso é o que a Bíblia chama de “justo”. Hoje temos nossa justificação em Cristo. Nos dias de Daniel, seu estilo de vida lhe fornecia esse reconhecimento no mundo espiritual. O céu o ouviu e respondeu. Discernir o tempo profético pela Palavra, é só o que precisamos e o céu vai se mover em nosso favor.
Por mais que concordemos que essa atitude de Daniel foi fundamental e absolutamente assertiva e necessária, é interessante notar algo. Nosso profeta estava numa Aliança em que era possível representar toda uma nação por meio de um homem. O sumo sacerdote de Israel no Antigo Testamento possuía uma veste na qual se representavam as doze tribos que formavam o povo por pedras preciosas presas a ela. Apesar de não ter esse título, foi assim que ele agiu e assim o Senhor o recebeu. Alguém que tomou pra si o peso do pecado e da culpa de todo o seu povo. Um homem santo de Deus que não se eximia da condição de ser representante de um povo pecador, e ao mesmo tempo, parte dele.
Pecamos, e cometemos iniqüidades, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos;
E não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, como também a todo o povo da terra.
A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós a confusão de rosto, como hoje se vê; aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, e a todo o Israel, aos de perto e aos de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por causa das suas rebeliões que cometeram contra ti.
Ó Senhor, a nós pertence a confusão de rosto, aos nossos reis, aos nossos príncipes, e aos nossos pais, porque pecamos contra ti. Daniel 9:5-8
E esse padrão se repete por toda a oração, pelo menos até o versículo 14.
Na Nova Aliança em que estamos, continuamos tendo alguém que representa todo o povo. No entanto, não é um simples homem, mas este também é Deus. É claro que não nos referimos a outra pessoa, que não a Jesus Cristo de Nazaré, o Filho do Deus Altíssimo. Em sua demonstração mais dramática de intercessão, Ele tomou sobre si os pecados, iniquidades e transgressões de toda a humanidade, morrendo sob a ira de Deus numa cruz por causa disso. Cada um que crê nessa verdade é plenamente perdoado, pois executou essa tarefa com excelência e o Pai aceitou sua intercessão. Agora que o Senhor voltou ao céu e está à destra do Pai, continua intercedendo por nós ali. Será que isso significa que não haja mais quem possa interceder na terra? Não!
No próximo post vamos descobrir que algumas coisas podem ter mudado, mas em essência o céu ainda se move pelas orações dos que conseguem discernir os tempos do Eterno.
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